quarta-feira, 21 de março de 2018

SOS PARQUE ESTADUAL DA COSTA DO SOL

A região do entorno da Lagoa e Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, da lagoa Vermelha fazem parte da APA de Massambaba e do Parque Estadual Costa do Sol. Dotado de um ecossistema único no mundo já que reúne uma lagoa de água doce (Jacarepiá) e uma hipersalina (Vermelha), além de uma Reserva de Mata Atlântica e vegetação de Restinga e ainda brejos no entorno da lagoa de Jacarepiá e na Restinga.

Por do Sol lagoa de Jacarepiá
Brejos Restinga de Massambaba
Ilha na lagioa de Jacarepiá


A APA de Massambaba está contida na íntegra dentro dos limites do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, um dos 14 Centros de Diversidade Vegetal (CDV) do Brasil que foram indicados pela comunidade científica e  contemplados pelo IUCN/Smithsonian Institution na sua publicação de 1997 (Davis et al. 1997; Araujo 1997). O objetivo da indicação destes Centros é chamar atenção para os pontos do globo terrestre com alta diversidade vegetal, e ao mesmo tempo seriamente ameaçadas, com o intuito de preservar áreas
com o maior número de espécies possível
. Esta área também está elencada entre as “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira” ou “Áreas Prioritárias para a Biodiversidade”, e indicada nas classes de importância biológica e
prioridade de ação como “extremamente alta” (MMA/Portaria N° 9 de 23/01/2007).
O setor das restingas fluminenses conhecido como Cabo Frio (Araujo 2000), onde está inserida a APA de Massambaba, estende-se de Armação dos Búzios até Jaconé. É a mais rica em espécies de todo o litoral fluminense, pois apesar de possuir uma área relativamente pequena (apenas 12% da área total de restingas do estado), abriga 62% das espécies (Araujo & Maciel 1998). A alta riqueza desta APA com seus 76,3 km2 pode ser constatada quando se compara com a maior
unidade de conservação de restingas no estado do Rio de Janeiro, o PNRJ com uma área duas vezes maior (148 km2), mas com um número menor de espécies de plantas vasculares listadas até hoje (586) mesmo tendo tido um esforço maior de coleta (Costa & Dias 2001).A APA de Massambaba abriga pelo menos 12 espécies endêmicas às restingas fluminenses e mais 14 espécies que ocorrem somente nas restingas e na mata atlântica do Estado. Das espécies consideradas ameaçadas pela Lista da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção (www.biodiversitas.org.br), são
encontradas na APA de Massambaba diversas na categoria Vulneráveis.
Mico Leão Dourado
Coruja Buraqueira

Formigueiro do Litor

Espécies novas para a ciência tem sido descritas para esta região, principalmente na floresta não inundável de Jacarepiá. Dos 3.277 ha de vegetação remanescente
na restinga de Massambaba, estimadas através de imagens de satélite, cerca de 2.833 ha ainda estão livres de quaisquer perturbações (Rocha et al. 2007). A beleza cênica da região e as praias tem fomentado uma especulação imobiliária devastadora e sem precedentes neste setor do litoral. Trechos indicados como
de alto risco de ocupação (Muehe 1994), como o compreendido entre Itaúna e Lagoa Vermelha, vem sendo aos poucos ocupados
. Também as áreas ocupadas anteriormente pela tradicional atividade salineira vem dando espaço a  implantação de loteamentos e promovendo adensamentos populacionais nas
áreas mais bem conservadas, cujo fluxo populacional é oriundo em grande parte de regiões metropolitanas. Esse novo contingente populacional, sem tradição com a cultura local e desconhecendo os recursos e as formas de uso, exercem pressão deletéria sobre recursos bióticos e abióticos agravando a conservação
dessas áreas.
A riqueza florística demonstrada para esta região e a existência de formações vegetais não comuns no litoral fluminense, além de espécies consideradas criticamente em perigo de extinção, urgem ação na parte dos órgãos estaduais responsáveis de implantação de uma infraestrutura adequada para preservar este
valioso patrimônio natural.
A ocorrência de estromatólitos e esteiras microbianas nas lagoas Vermelha,
Pitanguinha, Pernambuco, Brejo do Espinho, Salina Julieta e Araruama, vem sendo descrita desde a década de 1990. O metabolismo de dolomita pelas cianobactérias nestes ambientes hipersalinos do sistema lagunar de Araruama, e a presença dos estromatólitos, transformaram esta área num importante laboratório natural de importância internacional para estudo da evolução da vida no planeta (VASCONCELOS, 1988, VASCONCELOS, 1994, VASCONCELOS & MCKENZIE, 1997; BURNS et al., 2000). O modelo microbial de formação de dolomita (VASCONCELOS & MCKENZIE, 1997) foi concebido na Lagoa  Vermelha e tem sido usado para desvendar o “problema da dolomita”, como ficou conhecida a impossibilidade de explicar a formação deste mineral a baixas temperaturas desde sua descoberta em 1791 (BURNS et al., 2000; MACKENZIE & VASCONCELOS, 2009). Assim, pesquisadores de todo o mundo voltaram seus olhos para o sistema lagunar de Araruama.
As lagunas hipersalinas e os marnéis das empresas salineiras, ativas ou não, são
locais de desenvolvimento destas cianobactérias. Na Lagoa Vermelha são
encontrados estromatólitos e depósitos dolomíticos estratificados.
No Brejo do
Espinho, por sua vez, os depósitos dolomíticos são maciços (SÁNCHEZ-ROMÁN ET al, 2008; 2009) e encontrados trombólitos nas laguna de Pernambuco (SILVA E SILVA et al., 2006) e esteiras microbianas na Lagoa de Araruama e Pitanguinha, e nos marnéis das salinas.

Lagoa Vermelha

No Brasil, as únicas ocorrências destes ambientes com a presença de
estromatólitos são na Massambaba e na Lagoa Salgada, no limite da área onde está sendo construído Complexo do Porto do Açu. Vale lembrar que estas ocorrências são poucas no mundo.
Os estromatólitos possuem grande valor científico porque são representantes
atuais das estruturas bioconstruídas macroscópicas mais antigas na Terra e, também, porque as cianobactéricas, que são fotossintéticas, foram responsáveis pela mudança da atmosfera redutora para outra rica em oxigênio no passado da
Terra. Assim, estudá-los é buscar informações sobre o início da vida como a conhecemos hoje.

Para se manter mais informado:
·         ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE MASSAMBABA, RIO DE JANEIRO: CARACTERIZAÇÃO FITOFISIONÔMICA E FLORÍSTICA1
Dorothy Sue Dunn de Araujo
2, Cyl Farney Catarino de Sá 3, Jorge Fontella-Pereira6, Daniele Souza Garcia3,4, Margot Valle Ferreira3,4, Renata Jacomo Paixão 3,4, Silvana Marafon Schneider3,4 & Viviane Stern Fonseca-Kruel
·         O ECORESORT MASSAMBABA E AS IMPLICAÇÕES DE SUA IMPLANTAÇÃO SOB O PONTO DE VISTA DE AMEAÇAS AO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO
Kátia Leite Mansur
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
·        Página no FACEBOOK da Associação dos Amigos da Lagoa de Jacarepiá: https://www.facebook.com/amilajacarepia/
·        Blog da Associação dos Amigos da Lagoa de Jacarepiá: http://amigosdalagoadejacarepia.blogspot.com.br/
·        Lei nº 12.727, de 2012.





ESTA PETIÇÃO ´E CONTRA AS EMENDAS DE AUTORIA DOS DEPUTADOS MARCOS ABRÃO E ROSENVERG REIS QUE RETIRAM DO PARQUE ESTADUAL COSTA DO SOL AS ÁREAS DO ENTORNO DA LAGOA DE JACAREPIÁ E VERMELHA, DOS SEUS BREJOS, DA RESERVA ECOLÓGICA ESTADUAL DE JACAREPIÁ E OS BREJOS COSTEIRAS NA RESTINGA DE MASSAMBABA, VILATUR, SAQUAREMA E O MORRO DO MICO EM CABO FRIO NO PROJETO DE LEI Nº 1546/2016, PARA IMPLANTAÇÃO DE LOTEAMENTOS.

https://secure.avaaz.org/po/petition/Deputado_Estadual_Andre_Lazaroni_Deputado_Estadual_Carlos_Minc_PARQUE_ESTADUAL_COSTA_DO_SOL_AMEACADO_PELA_ESPECULACAPOOM/?cDeSTab